sábado, 3 de outubro de 2009

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda,quem quase morreu está vivo,quem quase amou não amou.Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.Desconfie do destino e acredite em você.Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."


Sem palavras pra esse texto, né.
Não sei qual é o nome da autora.
Não tem como não se identificar !

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

confusão ?
vamos caminhar para o infinito. (?) não, dessa vez, não quero a mão de ninguém, vou sozinha e pensando com meus botões. quero ouvir minha própria respiração, dessa vez. sem ter que me preocupar com a falta de ar alheia. vou contar meus passos e declamar poemas para ninguém, ou melhor, para mim mesma. é melhor assim: vê agora como estamos bem ?
ideias avulsas entram e saem da minha cabeça, assim como as imagens que vejo passar. elas são frias, têm um tom de glamour, talvez hostilidade.
dessa vez, vou aprender como falar direito, como me fazer entender, em vez de ficar tentando compreender os outros. realmente, vejo mudanças. vejo mudanças em ti, vejo mudanças em mim.
de que valem momentos felizes ? são momentos felizes, ué. pois é, momentos. e se tentar esticar um pouquinho o prazo de validade desses momentos ? o que acontece ?
acho que eles se tornam banais, e vão perdendo a magia ao longo do tempo. talvez, não. sim, é exatamente isso. será ? ... então, depois de banalizar toda a situação, que antes era tão plena e satisfatória, restam pessoas amarguradas. amarguradas ? pessoas que vão demorar para sentir o gostinho salgado da brisa do verão, novamente. demora tanto assim ? é, nem tanto.
eu disse que não queria conversar. já tinha falado que seria melhor assim.
nunca dá certo, no momento em que os lábios se movem pra falar, o pensamento já é diferente.
diz qual é o problema com isso tudo. nunca sei o que faço de errado. ou de certo.
a vida só vale a pena quando examinada - já dizia aristóteles, preciso avaliar minhas atitudes.
complicado é ter ideias, complicado é ir ao quarto cuja foto emoldurada seja com outra pessoa, complicado é escrever cartas e realmente falar. muito mais fácil é moldar e penerar exatamente o que deve ser dito (ainda mais depois do advento da internet! - por isso odeio. horrível, estragou as relações pessoais,), para haver exatos momentos de segurança total. completamente planejados e calculados. talvez, não. verdade. às vezes, não.. difícil controlar tudo. fácil deixar fugir do controle. muito fácil.
tenho andado distraído, impaciente e indeciso. e ainda estou confuso, só que agora é diferente : estou tão tranquilo e tão contente. quantas chances disperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu nao precisava provar nada pra ninguém. me fiz em mil pedaços , pra você juntar. e queria sempre achar explicação pro que eu sentia. como um anjo caído, fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. mas não sou mais tão criança, a ponto de saber tudo. já não me preocupo se eu não sei porquê. às vezes o que eu vejo quase ninguém vê. eu sei que você sabe quase sem querer que eu vejo o mesmo que você. tão correto e tão bonito o infinito é realmente um dos deuses mais lindos. sei que às vezes uso palavras repetidas ,mas quais são as palavras que nunca são ditas ? me disseram que você estava chorando. e foi então que eu percebi como te quero tanto. (...)

antes que chamem de plágio, fiquei com preguiça de botar aspas. vamo combinar, dá pra saber quando é Renato Russo, né.

domingo, 12 de abril de 2009

“Em algum lugar perto das árvores, eu acho que é possível encontrarmos a felicidade plena. Talvez estender uma toalha na grama, sentar e observar, seja a droga menos perigosa. Ignorar os insetos, deitar e deixar o sono chegar. Enquanto isso, respirar fundo e sentir, realmente, o cheiro que nos rodeia. Olhar a intensidade de cada cor de cada folha, de cada pedacinho do céu. Não precisa ser “um dia ensolarado sem nuvens no céu”, muito pelo contrário. Dias nublados são tão interessantes quanto – se não mais – dias cheios de sol e calor. As luzes são perfeitas para fotografias (diz meu avô) e as nuvens fazem desenhos inimagináveis e maravilhosos, quer ver num final de tarde.” Que clichê!
Os pensamentos infinitos se acorretam na vontade de ser feliz. Talvez o momento seja propício para uma reflexão, talvez o melhor seja esvaziar a mente. Não tenho paciência para clichês, o certo é apenas deixar as vontades assumirem o comando por alguns instantes. Daí sim, essa “felicidade” estará lá.

O nada

Cheguei no ponto de ônibus já enjoada. Atrasada, como sempre, quando perguntei se a linha pela qual eu esperava já havia passado, tive a resposta mais inconveniente que poderia ter no momento.
Certifiquei-me do trocado no bolso, arrumei um jeito mais confortável para esperar, mesmo que em pé, e assim permaneci.
Permaneci, até que o vitral da igreja à frente me chamara atenção. Nada que pudesse me concentrar por muito tempo.
Depois de alguns poucos momentos, pensando em nada, um carro preto deu sinal para estacionar na calçada em que me encontrava. Eu estava escutando música, com fones de ouvido, quando percebi algo além do barulho dos carros passando. Tirei os fones. O carro preto, o qual um senhor manobrava, estava com os vidros totalmente abertos, então me deparei com uma outra música. O som era uma mescla de violino e piano, em tons fortes.
O senhor continuava a manobrar, e eu – que já tirara os fones-, a apreciar. Quando me dei conta, encarava o carro com tamanha seriedade que pessoas em volta já estranhavam minha reação, enquanto o homem nem notar minha presença, havia notado. Contudo, não me intimidei. Estava maravilhada.
Comecei a imaginar, comecei a querer puxar um assunto. E se ele fechasse o vidro na minha cara? Eu queria saber ao menos o artista que compunha ou tocava aquela trilha sonora. Eu queria, eu podia dar aqueles dois passos e demonstrar o quão animada eu estava com tudo aquilo. Mas iria parecer ridículo. E as pessoas em volta? Seria patético. Inclusive, talvez tanto o senhor quanto os outros, teriam a impressão errada sobre mim.
Enquanto meus pensamentos fluíam, enfim, o carro estava estacionado ainda de janelas abertas e seu motorista abrira e começara a ler um livro, e um ônibus levou quase todos que esperavam ao meu lado.
Era minha chance. Cheguei a dar os dois passos, mas como se o senhor tivesse me repelido, chegou o carro mais à frente, numa vaga melhor.
Meu coração disparou, comecei a suar frio, de forma que apenas pensar em me manifestar quanto à ‘sua música’, já se tornava quase impossível para mim.
Não parei de querer tentar, naquele momento eu já precisava saber, perguntar pelo menos o nome do Cd. Entretanto, minha vontade que aumentava só parecia diminuir minha coragem.
Retornei à realidade por alguns segundos: não queria perder o ônibus. Mas logo retornei ao meu mundo paralelo momentâneo e os vidros do carro tinham sido fechados. Tudo havia acabado. A oportunidade se perdera. E talvez até, toda aquela “maravilha” possa não ter servido para nada – eu pensava.
O homem lentamente fechou seu livro, abriu a porta do carro, saiu, a trancou. “Pronto! Agora se ele vier na minha direção, eu falo!”
Ele foi caminhando para o lado contrario sem olhar para trás.
No instante em que parei de segui-lo com os olhos, ao dobrar a esquina, o nada voltou à minha cabeça.
Um segundo depois meu ônibus chegou.